segunda-feira, agosto 28, 2006

Os poemas nao têm que rimar




"(...)
A tua voz não era a mesma de sempre e o barulho de outras vozes não me deixava ouvi-la nítida como era necessário.
Vi-te. Não me agradavas e eu não te agradava a ti. Mas criavas desejos estranhos e vontades insaciáveis em mim.
Fica difícil escrever-te.
Foi tão mais fácil olhar-te, e ao sitio que (des)habitas.
Quantas histórias de amor não teriam existido já ali, nesse teu espaço vazio.
Esvaziado.
O que te faria mudar de ideias e mantê-las. Seres quem queres e não quem eras?
Mente fechada a minha, ou apenas intrigada.
A luz.
Foi essa a companheira da noite, que se queria afinal escura.
Ironias.
Ela deu.me formas e aproximou.nos.
O meu corpo queria, o eu que me habita não me deixou.
Não sei se por mim se por ti. Se pelo nós que jamais existirá!
Mas quantas vezes o nós não houve e eu deixei que acontecesse?
As tuas mãos.
Suaves demais para o que se esperava. Mas de toque confortável, ao contrario de tudo.
Consigo descrever cada pedaço do que vi, e saborear ainda cada pedaço do que senti.
A tua boca, finalmente na minha.
Tudo tão pouco eu. Tudo tão pouco tu. E ainda assim, estávamos juntos ali.
Não sei se viajávamos pelos mesmo lugares. Mas tenho a certeza que era eu que ali estava contigo. As vezes. Nem sempre.
Aquilo que és não sei. A forma como escreves. Qual é?
Fazes-te desabitado. Porquê...?
(...)"


In Contos Fictícios

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