Jazz&Ska
Eu ouvia jazz, ele ska.
Usava baton vermelho e seguia para as festas high, de copo de tinto na mão, enquanto ele sacudia a areia dos pés em direcção ao bar da praia para beber aquela cerveja e fumar o charro que circulasse.
Era um miúdo, da minha idade e com metade dos meus filmes. Um miúdo portanto!
O seu sorriso fácil e a descontracção na alma levavam-me a pensar muitas vezes nele.
Ficava semanas sem me falar, sem nos falarmos, e quando voltava a fazê-lo, nem sequer se desculpava por não ter dito nada durante tanto tempo. Fui aprendendo que era normal, que era assim mesmo. Era ele, era dele.
Pensei várias vezes nessas ausências, se não teria já arranjado uma miúda. Uma dessas de praia também, fáceis de lidar, simples a vestir e a falar, e de perfumes florais suaves, dessas que seguem que nem groupies os surfers todos da zona.
E eu arranjava lata e perguntava pelas babes e a razão pela qual ele não tinha ainda apagado o fogo, já que o via a subir as paredes.
Ele ria-se mas ficava chateado, e repetia mais uma vez que a imagem que eu tinha dele continuava errada. Que as coisas não eram assim, que ele não era assim.
Dizia que me queria, e pedia-me que o possuísse, e eu gozava com ele e dizia que isso era coisa de gaja. E ele ria-se também e um pouco irritado tentava convencer-me que falava sério. E que como eu era mais experiênte, quem ia possuir era eu, e que tinha de acontecer, nem que fosse no carro, e o mais rápido possível, porque eu o deixava louco e provocava-o.
Mas eu brincava com ele, gozava e dizia que não podia ser, que depois ainda gostávamos muito, e como era? Ele respondia que não fazia mal. Que nos tornávamos amigos coloridos, e que o fazíamos todos os dias. E eu ria-me.
Ele continuava a insistir que tínhamos de estar juntos, nem que fosse uma, que ia ser especial e bom, como daquela vez em que nos conhecemos.
Tentei explicar-lhe que não podia ser, que não tinha a depilação feita, porque precisava que os pêlos tivessem tamanho suficiente para os arrancar, e ele respondeu.me que não queria saber. Que se estava a “cagar pa isso”. Que só me queria ter. Que tinha de ser hoje, que era um bom dia, e que eu o deixava louco.
Eu gostava do “miúdo”. Não apenas por me dizer que eu lhe dava tesão, e me elogiar e tudo mais. Gostava porque sim, porque me sabia bem falar com ele. Porque gostei da química quanto estive com ele. E da boca dele, e do sorriso, e do jeito simples.
Porque dava beijos tão booooooooons.
Porque ele era do tipo que agarra, que abraça, que se enrosca. Que faz cafuné e que enrodilha a cabeça nos meus cabelos e me cheira.
Porque de todas as pessoas com quem eu podia estar, ele era quem me apetecia mais.
E porque não fui afinal?
In contos fictícios
ps: Não consegui encontrar A foto ...
2 comentários:
Tinha bigode? picava?
ahahahahah
nem uma nem outra!
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