30´´
Combinámos encontrar-mo-nos em Lisboa.
Meti.me no táxi e la fui eu em direcção à Costa do Castelo.
Paguei, subi a rua mais que íngreme mas que com saltos é sempre mais grave quando se desce, e toquei à campanhia.
O gajo abriu.me a porta e sacou-me um daqueles beijos gigantes à direita, um abraço longo e cheio de sorrisos à esquerda, um apalpão no rabo e mais um elogio ao decote habitualmente generoso!
- Aahahah, pára com isso, parece que não tas já habituado.
- Sim, mas continuo a gostar, deixas miúda?
- Aahah, claro, a ti, sempre. O pessoal? Já chegou?
Enquanto subíamos as escadas também altamente íngremes, ias-me respondendo que ainda estavam meio atrasados, mas que iam lá ter. Pedi-te que fosses à minha frente, mas eras sempre cavalheiro, ainda que nesse dia, preferisse que nãofosses. Bastava-me apenas ir tentando puxar a saia para baixo.
- Va miúda, caga nisso, afinal já estou habituado não é..., só não tinha percebido que estava tudo assim tão descoberto e de fácil acesso.
E riste-te com gozo.
- Pára, pára com isso, pedi,te que fosses à frente!
- Sim, e mais logo na disco?, tb vais esperar que todos subam pa tu subires?
Va, hoje não era dia pa me atiçares que eu já estava mais que em altas, e o problema de refrigeração continuava. E da maneira que estava, trazer cuecas já era uma sorte!
Entrámos no corredor branco a puxar para casca de ovo, e comprido. Agora ias tu à frente e caminámos sala após sala, e apos cozinha, e apos quarto… E após quarto e entrámos naquela outra sala onde o pessoal costumava estar quando ainda éramos poucos.
-Vamos antes pa outra sala. - Pedi.te
- Yah, já vamos, tava so a enrolar uma antes de chegares, deixa-me acabar.
- Na boa. Ui, erva? Niiiiiiiice.
- Sabes como é miuda. Trato-me bem!
Ele acabou e fomos pa outra sala, a grandona, de puffs no chão, uma mesa de madeira preta e rectangular em jeito de paralelepípedo que era uma peça só e que eu adorava.
Já era Outono, mas a noite estava quente. E eu não andava mt bem das minhas temperaturas. Despi, o casaco.
-Podes abrir as janelas se quiseres.
Abri as 4 portas que haviam naquela sala que ficava na esquina do prédio, e que dava para 4 varandas pequeninas, de 2 por quatro metros, ladeadas por um corrimão de ferro forjado, preto, com arabescos deliciosos que eu tantas vezes já tinha fotografado em contraste com a luz de lisboa.
Volto pos Pufs e fumo contigo. O rosa era o “meu”, mas nesse dia sentei no vermelho.
- Vermelho?
- Sim …Hoje apetece-me. Querias ficar tu com ele?
- Na boa miúda, esta casa é quase mais tua que minha. Tas na boa.
Olho pa rua, do alto daquele 9º andar, e pelo fumo que rodopiava entre nos, vejo um aglomerados de neons, la fora, entre as lojas.
Penso um segundo, e lembro-me que dantes eras o único que aceitava as minhas vontades.
- Sabes o que me apetecia?
- Mais do que o que tas a fumar?
- Sim!
- Hum, um Mc Flury de M&M com M&M extra?
-Nepia, não é comida.
- Ui, então se n é comida, n sei. De ti já espero tudo.
- Hum, anda, baza, traz o casaco.
- Vamos onde?
- Já vês, não te preocupes que eu sei que vais curtir. O Psoal sempre vem cá ter?
- Sim, e têm a chave.
- Óptimo, baza.
Saímos de casa, apanhamos um táxi, em direcção “à Graça por favor”.
Fui dando as indicações e tu ias sorrindo curioso, e como quem quer a coisa, ias escorregando a tua mão até à minha perna. Batia.t e dizia pa parares com isso. Parámos em frente à SexShop, tu chegas-te ao meu ouvido e dizes:
- Há quanto tempo miúda.
- Tens guita?
- Se tenho? Ui, pra ti hoje, e a esse ritmo tenho tudo.
- Obrigada. boa noite.
Paguei o táxi e tu pagavas o resto. Não me fazia à cena, tu sabias que eu andava sempre à rasca com guita. Mas também nunca te pedi nada!
Entrámos, cumprimentámos o gajo que conheciamos de outros carnavais. Fizemos a conversa de sempre, e que já quase não nos lembrávamos por ter sido há muito, e o gajo la nos arranjou o que queríamos.
Saímos dali, abrímos a embalagem, e Lisboa inteira ficou com um cheiro diferente por 30 segundos. Mais outros 30 segundos enquanto eu gemia e ria que nem uma perdida. E mais 30 segundo noutro táxi que apanhámos e que supostamente nos levaria a casa.
- Hum...Disseste que tinhas dinheiro?
- Hum? Sim babe, já te disse que sim, queres ir comprar álcool?
- Não, eles trazem.
- Então?
- Olhe, desculpe, leve-nos antes à Cruz Quebrada.
Acendi um cigarro enquanto cheiramos mais 30 segundos de janelas abertas, e as tuas mãos já não escorregavam só sem querer pela minha perna. Arrastavam-se com vontade entre a minha pele e o vinil bege dos bancos reles do táxi.
Cheguei.me a ti, mordi.te o pescoço e fiquei assim, mais uns segundos, até passar.
In Contos ficticios
8 comentários:
Realidade ou forma de provocação?
Excelente foto.
lábios...
lábios...
lábios...
ca para mim das no poppers! dves saber pa ke serve, n? ui ui... gostava de sbr se iso e td veridico...
ai poppers... aquele cheiro a mofo mentolado...
dass.
Decadentismo! apetece-me pensar qual foi o destino do tal taxi que supostamente os levaria a casa.
Beijo molhado (pela chuva, claro)
Momento Paula Bobone:
A única altura em que o homem deve passar à frente da senhora é a subir e a descer escadas. Para não ver os interiores na subida, e para evitar possíveis quedas à descida.
e o post tá mto, mto bom*
Há outra altura também: ao entrar para o banco de trás de um carro também, por dois motivos: para a dama não arrastar os vestidos pelos bancos e para ficar sentada do lado direito (homem entra primeiro e fica à esquerda), o que leh permitirá não só ver o caminho (assumindo que não há ninguém no lugar do morto) como também sair primeiro quando chegarem ao destino.
E pronto, foi a informação inútil do dia.
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