segunda-feira, setembro 18, 2006

Ate ja





Hoje, ao contrário dos outros dias, estou de riso e sorriso difícil.
Estou de beiça espetada como diz a mummy.
Há muito pouca gente que me está a fazer sorrir.
Nesta segunda-feira há muito pouca coisa que me interessa e me deixa satisfeita.
Estou de olhos escuros e semicerrados. Estou de expressão fechada e de testa franzida. Olho para as pessoas com o queixo quase encostado ao peito e acho graça a muito pouca coisa.
Prefiro que não me toquem e que não se aproximem, e que não tentem entender sequer.
Não estou tonta, não estou palerma, não estou com vontade de rir nem de fazer rir, nem força tenho para pintar de amarelo falsos sorrisos.
Enrolo madeixas de cabelo e olho para a rua. Para o Tejo, intacto como sempre. Vejo barquitos a riscar o rio, Iates a deleitar a alma, e Cruzeiros ruidosos de velhinhos secos do Inatel que provavelmente morrerão de ataque cardíaco enquanto engolem blue pills a mais e se vêem embrulhados com a velha enxuta do quarto ao lado.
Procuro imagens, escolho imagens, envio imagens...nao obtenho resposta, e quero nem saber.
Faço chamadas, envio mensagens, recebo telefonemas que me aquecem a cara e resfriam a alma que espirra cada vez com maior frequência.
Faço planos e tento fugir de outros. Recebo convites, rejeito convites. Penso no tempo que falta e no que ainda tenho. Penso no que posso fazer com tanta coisa ao meu alcance.
Estou de fones nos ouvidos e com a musica desligada para que ninguém me chateie. Não que alguém se importe comigo, ou antes, me importune, mas pelo sim pelo não...
Garota, lanchinho? Ah, quanto à tua ideia, tive a pensar no fim de semana, e não a desenvolvemos porque pode passar o conceito de que e o Golf é um carro caro, e foi por isso...
Sim, lanchinho...Desço, peço o meu café, pago. Sento-me na esplanada. Flipinha, queres dividir uma torrada. Na. Fumo o cigarro. O café chega. O sol está quente demais, e as pestanas batem nas lentes dos óculos de massa brancos. Bah.
Ouço umas piadas, vejo.os a conversar. Tento rir, e não consigo. Portanto finjo que não ouço.
Fumo outro cigarro. Mudo de lugar, e ponho-me de costas para o sol. Tiro os óculos, deixo as pestanas respirar. Acabo o café , levanto-me, ajeito as calças de ganga e a camisola verde nova, e bazo.
Até já.

1 comentário:

Abssinto disse...

Quase que pude ver o sol laranja-vermelho a ser engolido pelo Tejo estático... Que texto tão à maneira. Temos que ir aos fados opá.

Beijo