domingo, janeiro 21, 2007

Incompatibilidades




Em momento nenhum os nossos corpos se aproximaram. O que logo à partida me fez entender que eras (in)diferente.
Mas vi a tua boca e o teu sorriso muitas vezes e também olhaste para mim, embora as razões pelas quais o fazias fossem diferentes.
Podíamos ter saído dali. Tu querias, eu achei. E eu também queria. De vez em quando os nossos olhos encontravam-se a procurar respostas um no outro até que nos perdíamos novamente por sítios que só cada um sabia.

Mais tarde acabámos por sair.
Palmilhámos calçadas húmidas, lado a lado. E estava escuro e silêncio. Mas o medo que isso me fazia sentir perdia-se no ar quando me lembrava que estavas ali.
Por ti eu gostava de me apaixonar.
Achei delicioso o teu jeito para coisas simples. Embora isso invalidasse à partida qualquer hipótese de teres gostado de mim.
Há muito que não sabia da existência de pessoas como tu, mas gostei, mesmo sem te conhecer, sem saber quem és, ou o que és.

Queria acreditar outra vez no que há muito perdi.
Queria ligar-te para um numero que não conheço. Escrever-te para um endereço que não sei qual é.
Queria estar contigo, conversar contigo.
Queria ouvir as tuas historias com um jeitinho meio romântico e tímido que percebi que te habita.
Queria ganhar coragem e arranjar maneira de estar contigo outra vez e não apenas quando o destino nos quiser cruzar.
Só que não consigo. Muito menos quando sinto que é uma luta perdida em incompatibilidades que jamais resultariam.



Mas gostei tanto do que vi.

Por ti eu gostava de me deixar apaixonar.

8 comentários:

João disse...

Tantas certezas... e tamanha relutância!

Assim ninguém tem hipótese!

B.I.T.C.H. disse...

Medo...
Tenho medo :$

Anónimo disse...

"Mas não vivo num mundo ideal, e sinto cada vez mais que o dom da escrita não me corre nas mãos."

Errado... ;)
Parabéns pelo texto e coragem para as tuas opções. Se errares, é um erro que vale a pena (pelo que leio).

Abraço,
André.

Sari disse...

A resposta a este post, poderia ser ele próprio um post... Sabes quando te dou nas orelhas? Mas assim mesmo bem dado e tu finges que me ouves e dizes que sim com a cabeça enquanto pensas em 30000 coisas diferentes menos no que estou a dizer? Pronto é isso. Gostaria de fazer isso agora... mas... este 'ssoal todo a ler aqui não me dá m'ta pica...
Portanto fica isto dito: Mundo ideal? Utopia dos tótós. Ideal porquê, e para quê? Só se for um Mundo ideal em movimento... porque ambas somos da opinião que coisas que estagnam, que apodrecem alí paradinhas, ganham mofo, cheiram mal e vão para o contentor dos orgânicos (aceitas o desafio?). Portanto... o que te digo é isto: pára de procurar um Mundo ideal... Amiga, nunca vamos estar num Mundo assim, mas o que é bonito é que continues a ser como és, num Mundo que é como é, e que não DESISTES do que queres, do que sonhas... e até mesmo de melhorar o Mundo em algumas coisas. Ideal, não existe nada... é como a perfeição que tanto admiras e que continuo a dizer que é de um tédio enjoativo...
O dom da escrita, continua... e cala-te, please... não fosses tu a minha Teca mais gostosona... Quero é ler mais textos assim, ondes és mesmo tu... a sonhadora incondicional (é nisto que somos iguais se calhar :) sabes?)

*

Isabel Paixão disse...

Se é possivel, acabaste de descrever o que sino, neste preciso momento. Toda a intensidade, toda a aura do post, é algo que me é familiar. Demasiado familiar. Demasiado confuso também. Estranho... Foi um bocado como olhar ao espelho. Obrigada por me dares um reflexo meu, em palavras.

B.I.T.C.H. disse...

André: Brigada ;)

Shoo: Tenho mesmo saudades tuas. Minha Tica.

Isabel: De nada, menina com nome de coisa tão boa. =)

Abssinto disse...

Epa! As mulheres são profunda e profusamente complicadas. Andam sempre à procura do tal gajo e depois quando o encontram é só dúvidas, mais tal e coiso :/

A ver se componho um fado vadio para ti, cachopa (ondandas?)

kiss

Abssinto disse...

...E os e-mails catitas, onde param?