Incompatibilidades
Em momento nenhum os nossos corpos se aproximaram. O que logo à partida me fez entender que eras (in)diferente.
Mas vi a tua boca e o teu sorriso muitas vezes e também olhaste para mim, embora as razões pelas quais o fazias fossem diferentes.
Podíamos ter saído dali. Tu querias, eu achei. E eu também queria. De vez em quando os nossos olhos encontravam-se a procurar respostas um no outro até que nos perdíamos novamente por sítios que só cada um sabia.
Mais tarde acabámos por sair.
Palmilhámos calçadas húmidas, lado a lado. E estava escuro e silêncio. Mas o medo que isso me fazia sentir perdia-se no ar quando me lembrava que estavas ali.
Por ti eu gostava de me apaixonar.
Achei delicioso o teu jeito para coisas simples. Embora isso invalidasse à partida qualquer hipótese de teres gostado de mim.
Há muito que não sabia da existência de pessoas como tu, mas gostei, mesmo sem te conhecer, sem saber quem és, ou o que és.
Queria acreditar outra vez no que há muito perdi.
Queria ligar-te para um numero que não conheço. Escrever-te para um endereço que não sei qual é.
Queria estar contigo, conversar contigo.
Queria ouvir as tuas historias com um jeitinho meio romântico e tímido que percebi que te habita.
Queria ganhar coragem e arranjar maneira de estar contigo outra vez e não apenas quando o destino nos quiser cruzar.
Só que não consigo. Muito menos quando sinto que é uma luta perdida em incompatibilidades que jamais resultariam.
Mas gostei tanto do que vi.
Por ti eu gostava de me deixar apaixonar.
8 comentários:
Tantas certezas... e tamanha relutância!
Assim ninguém tem hipótese!
Medo...
Tenho medo :$
"Mas não vivo num mundo ideal, e sinto cada vez mais que o dom da escrita não me corre nas mãos."
Errado... ;)
Parabéns pelo texto e coragem para as tuas opções. Se errares, é um erro que vale a pena (pelo que leio).
Abraço,
André.
A resposta a este post, poderia ser ele próprio um post... Sabes quando te dou nas orelhas? Mas assim mesmo bem dado e tu finges que me ouves e dizes que sim com a cabeça enquanto pensas em 30000 coisas diferentes menos no que estou a dizer? Pronto é isso. Gostaria de fazer isso agora... mas... este 'ssoal todo a ler aqui não me dá m'ta pica...
Portanto fica isto dito: Mundo ideal? Utopia dos tótós. Ideal porquê, e para quê? Só se for um Mundo ideal em movimento... porque ambas somos da opinião que coisas que estagnam, que apodrecem alí paradinhas, ganham mofo, cheiram mal e vão para o contentor dos orgânicos (aceitas o desafio?). Portanto... o que te digo é isto: pára de procurar um Mundo ideal... Amiga, nunca vamos estar num Mundo assim, mas o que é bonito é que continues a ser como és, num Mundo que é como é, e que não DESISTES do que queres, do que sonhas... e até mesmo de melhorar o Mundo em algumas coisas. Ideal, não existe nada... é como a perfeição que tanto admiras e que continuo a dizer que é de um tédio enjoativo...
O dom da escrita, continua... e cala-te, please... não fosses tu a minha Teca mais gostosona... Quero é ler mais textos assim, ondes és mesmo tu... a sonhadora incondicional (é nisto que somos iguais se calhar :) sabes?)
*
Se é possivel, acabaste de descrever o que sino, neste preciso momento. Toda a intensidade, toda a aura do post, é algo que me é familiar. Demasiado familiar. Demasiado confuso também. Estranho... Foi um bocado como olhar ao espelho. Obrigada por me dares um reflexo meu, em palavras.
André: Brigada ;)
Shoo: Tenho mesmo saudades tuas. Minha Tica.
Isabel: De nada, menina com nome de coisa tão boa. =)
Epa! As mulheres são profunda e profusamente complicadas. Andam sempre à procura do tal gajo e depois quando o encontram é só dúvidas, mais tal e coiso :/
A ver se componho um fado vadio para ti, cachopa (ondandas?)
kiss
...E os e-mails catitas, onde param?
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