É impressão minha...

...ou tivemos uma ganda noite no sábado?

Não me tirem o Amor

Parem de me fazer crer que não existe.

Que não é eterno.

Que não pode ser prioridade.

Que não é bonito.

Chega de divórcios!

O amor existe!

O nosso, pelo menos!

Assim se poupa uma consulta no psicólogo

A verdade é esta, dois pontos (uii! quando ela começa assim, sentem-se porque vai demorar): sinto-me desmotivada e sem ambição.

Se calhar tou com um desses novos problemas da vida moderna, desses que não havia no tempo dos nossos avós. Ou se calhar tou só a ser parva. Mais provável.

Não tenho ambição profissional. Apesar de, na maioria dos dias, chegar a casa de bem com a vida, o certo é que sei que tenho um emprego fácil, cómodo e muito, muito parvo. Que não me dá futuro nenhum, que até um macaquinho (ou macaquinha, para ser mais precisa) consegui fazer. "Mas é bem pago" diz sempre ela, num esforço de ser desculpada pelas amigas que são pessoas como deve ser e andam à caça de um futuro digno no mundo das artes do emprego. Pois é, é bem pago. Mas e que tal usar os 20 anos para construir um futuro como deve ser em vez de te acomodares ao primeiro empregozeco bem pago,hum? Se calhar não era mal pensado. Pois.

E o mestrado? Interessante, promissor, um desafio intelectual e pessoal,... Mas aaaaah não! Muito difícil, estudar à noite custa muito, os colegas não são aqueles super amigalhaços como eram no tempo da faculdade e não me convidam para te sentares na mesa do refeitório com eles, vou desistir! Pois. Já mandei e-mail à professora a pedir perdão e que me deixe voltar. Leram? Já mandei mail! uuuuh! Boa! E voltar? Não... isso não, ainda tenho de pagar um ordenado de propinas, comprar um caderno bonito e fazer-me à 2a circular.

Mandar CVs? Querem saber a melhor? Mandei um. Para o sítio onde estou a trabalhar. O que seria de louvar SE, repito: fosse preciso ser mais do que um macaquinho (uma macaqui-nha!) para fazer aquilo que eu faço. E agora apetecia-me desculpar-me outra vez com o meu ás de trunfo, o tal "aaah mas é bem pago" que me faz sair menos mal das discussões de café sobre a vida profissional...

E outra muito boa é a aquela desculpa interna (entre mim e o meu 1/4 de cérebro que me responde aos pensamentos) do "aah mas eu ainda sou nova e a maior parte dos meus amigos de 24 anos ainda está a acabar a faculdade e não é por isso que vamos ser todos uns zeros à esquerda". Pois. Depois diz-me como é que te vais sentir quando os fores visitar à Beloura e tiveres de voltar pa casa, na reboleira, de autocarro.

E por falar em amigos: onde é que eles andam?

Mensagens? Poucas. Cafés... muito menos. Tens saído? ...hmm...Não! Bairro? Ah! Não... tá frio! Almoçar? Em casa, sozinha, com um prato de sopa cheio de coisas de pacote. Jantar... sim, de vez em quando, lá quando o Rei ou um deles faz anos!

Acabei de dizer a um(a) deles(as) - olh'ó copy paste do MSN:

cansei-me de andar a correr atrás. apetecia-me que vocês me entrassem pela porta de casa e que ficasse tudo como estava antes...

apetecia-me entrar no café e sentir-me "em casa" como me sentia antes...
apetecia-me receber as sms que recebia antes...

sentir a vossa atenção e o vosso carinho como antes

E acrescentava mais mil coisas se quisesse.

Sinto-me desmotivada até com as pessoas do meu mundo.

E se querem culpar-me, tudo bem. Eu fico com a culpa e até engulo um sapo para evitar uma discussão. Mas se querem vir com a conversa de revista de teenager do "desde que ela começou a andar com ele nunca mais foi a mesma".... aí, meus amigos: vão pó caralho!

Aí eu viro bicho, porque o meu bicho não tem culpa nenhuma.

Vamos antes ser civilizados, inteligentes, pôr a mão na consciência, evitar a discussão, admitir silenciosamente os erros de parte a parte e construir uma amizade melhor, todos os dias. todos. nós todos! Bora?

Mandar mais sms uns aos outros, ir mais ao café, combinar mais jantares e saídas como dantes?

E bora lá acabar ao mestrado, mandar CVs e emigrar para um país quente e rico?

Bora!

Mas primeiro vou almoçar o meu couscouz de lata, à frente da tv, como boa preguiçosa que sou.

O silêncio é um vício. E por falar em vícios...

"Não gosto de maconha, me deixa introspectiva e delirante, e eu não preciso de droga para entrar nesses estados, sei fazê-lo sozinha. Abomino cocaína, expõe o pior das pessoas. Heroína não pode, vicia. Alucinógeneos são para quem não tem muito tempo sobrando, não é o meu caso. Já o álcool, é uma delícia! Relaxa, aumenta o interesse pelos outros, libera para falar besteira, uma maravilha!"

Maitê Proença, Actriz Brasileira da Globo in Revista Sábado